Mais comum do que imaginamos, a incontinência urinária afeta homens e mulheres. De acordo com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), são 10 milhões de pessoas em todo o país. Na faixa etária dos 40 anos, a incidência é maior entre as mulheres, o que representa 45% dos casos, já no caso dos homens, 15% são acometidos pela doença.
A incontinência é caracterizada pela perda involuntária de urina, seja em gotas ou em maior quantidade. Se não tratada, também pode influir de maneira negativa sobre o convívio social.
Definida como padrão ouro pela International Continence Society, a Fisioterapia Pélvica ocupa a primeira linha de tratamento para a doença. Nessa entrevista, a Revista Vox S/A traz alguns questionamentos feitos para a fisioterapeuta Jamyle Miranda, que explica os tipos e sintomas da incontinência urinária, assim como a prevenção e recomendações.
VOX S/A: Quais os tipos mais comuns de incontinência urinária?
Os tipos mais comuns são: Incontinência Urinária de Esforço que, como o nome já diz, a perda urinária ocorre mediante algum esforço, seja uma tosse, um espirro, carregar peso ou subir degraus. Isso ocorre em decorrência da fraqueza da musculatura do assoalho pélvico, e a Incontinência Urinária de Urgência ou Urgincontinência, que incide mediante ao desejo miccional com urgência. Ou seja, a pessoa sente um desejo repentino e incontrolável de fazer xixi, não consegue chegar a tempo ao banheiro e acaba tendo esse escape de urina. Geralmente, a frequência urinária é elevada, tanto durante o dia quanto à noite, o que pode comprometer o sono.
VOX S/A: Quais sintomas podem alertar sobre o problema de incontinência urinária?
O principal sintoma de alerta é a própria perda urinária, mesmo sendo uma gotinha. Uma quantidade mínima em qualquer situação independente de idade ou sexo, pois nenhum tipo de perda é normal. Por exemplo, a pessoa sente vontade de fazer xixi, precisa ir ao banheiro, mas não consegue segurar. Além disso, tem uma frequência urinária elevada, tanto durante o dia quanto à noite. Nesse caso, é fundamental procurar um especialista.
VOX S/A: Há fatores de risco? Quais seriam?
A lista de fatores de risco é extensa. Idade, obesidade, infecção urinária, sedentarismo, o múltiplo número de gravidez, a histerectomia, menopausa, cirurgias pélvicas em geral. No caso do homem, o aumento do tamanho da próstata, cirurgia de prostatectomia, acidente vascular encefálico, tabagismo, exercícios intensos em que há o aumento da sobrecarga no assoalho pélvico e a pressão intra-abdominal, estão entre os vários fatores que podem causar incontinência urinária.
VOX S/A: Por que a fisioterapia pélvica é uma das principais recomendações para o tratamento do problema?
A fisioterapia pélvica tem atuação importante tanto na prevenção quanto no tratamento da incontinência urinária, pois com a fisioterapia é possível promover a melhora da conscientização corporal e perineal, por meio da propriocepção perineal, da reeducação da bexiga e da musculatura do assoalho pélvico. A maioria dos pacientes não sabe que há músculos nessa região, então a fisioterapia pélvica trabalha, fortalece e melhora a flexibilidade dessa musculatura.
VOX S/A: Como funciona o tratamento?
O tratamento fisioterapêutico varia de acordo com o paciente. São observados a individualidade e os sintomas de cada um. Mas, em geral, é feita uma avaliação mais íntima e específica para o assoalho pélvico e, a partir dessa avaliação, é montado um protocolo de tratamento que pode ser composto de exercícios para o ganho de força da musculatura acessória da pelve com contração perineal, eletroestimulação, biofeedback, dentre outros recursos. Porém, sempre gosto de frisar que sucesso do tratamento não depende só do fisioterapeuta, depende principalmente do comprometimento do paciente com as orientações e exercícios passados.
VOX S/A: A Fisioterapia Pélvica previne a incontinência urinária?
Sim. A fisioterapia pélvica atua na musculatura do assoalho pélvico e uma das funções dessa musculatura é o controle miccional. A fraqueza desses músculos pode causar incontinência urinária. Então, a fisioterapia prioriza o fortalecimento dessa região, prevenindo a doença. Assim como na academia, onde se trabalha os membros inferiores e superiores do nosso corpo, para prevenir algumas patologias, a fisioterapia pélvica não é diferente. É o fortalecimento para a prevenção.
Dra. Jamyle Miranda
Fisioterapeuta Pélvica CREFITO 301419.1