O desenvolvimento do cérebro dos bebês ocorre muito rapidamente, e por estar em constante formação, o acompanhamento neuropsicológico se torna essencial, especialmente como ferramenta para identificar precocemente atrasos, problemas motores, de linguagem ou de comportamento.
Nessa fase da vida, os pais desempenham um papel fundamental, identificando os sinais que servem de alerta e, quando necessário, levando a criança para receber um atendimento especializado.
Sobre o assunto, a neuropsicóloga Ana Maria Soares, que atende a crianças a partir de um ano de idade, explica a importância de ter um diagnóstico precoce, possibilitando um crescimento saudável.
"O diagnóstico precoce traz um ganho extraordinário para as crianças. Na avaliação poderemos identificar algum tipo de atraso, logo podemos iniciar a intervenção e é possível reduzir os prejuízos, consequentemente beneficiando as habilidades que a criança poderá desenvolver. Sempre temos como parâmetro 'o que é esperado' e 'o que a criança consegue fazer', independente da idade", disse a doutora.
Não há uma idade ideal para levar a criança para um atendimento especializado. Mas, sintomas podem ser evidenciados desde bebês como, por exemplo, choro excessivo, irritabilidade, seletividade alimentar, alterações no sono, atrasos de fala ou das habilidades motoras, dentre outras alterações.
Segundo a Dra. Ana, os pais devem sempre estar atentos ao desenvolvimento do filho, observando e identificando possíveis atrasos, seja ele de linguagem, motricidade, afetividade ou quaisquer outras situações que possam comprometer o desenvolvimento saudável.
"Quando eles [pais] têm o parâmetro de outro filho, ou por orientação dos médicos pediatras, podem ficar mais atentos aos marcos esperados para a criança. Podendo ocorrer pequenas variações. Mas existem protocolos que devem ser seguidos, portanto, não é adequado considerar que 'cada criança tem o seu ritmo', mas que a velocidade de desenvolvimento deve ser compatível com o desenvolvimento humano, e quando há atrasos, podemos perceber o que está acontecendo e o que pode ser feito para estimular", ressaltou a neuropsicóloga.
A doutora enfatiza que existem crianças que andam antes de completarem 1 ano, que aprendem a ler e compreendem o que leem com 4 anos, há também aquelas que têm dificuldade para falar, que apresentam atrasos e necessitam de acompanhamento com fonoaudiólogo, terapeuta educacional, dentre outros profissionais que podem ajudar as crianças.
"Após a consulta com o neuropsicólogo é que ocorre o direcionamento das intervenções. Eu só levanto a minha hipótese diagnóstica após a escuta dos pais e a observação do paciente. Utilizo muito a proposta da Neuropsicologia Luriana, que permite uma melhor compreensão do desenvolvimento infantil, dessa forma eu consigo identificar o que está atrasado, o que está acima, para poder entender o que fazer, a partir desses resultados", frisou a Dra. Ana.
* Dra. Ana Maria Pereira Soares é Neuropsicóloga (CRP/10-4296), Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Especialista em Neuropsicologia (HC-FMUSP), Especialista em Autismo (IEPSIS) e Membro da Associação Brasileira de Neuropsicologia - ABNp.
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