Terça, 20 de Maio de 2025
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Família e TEA: como apoiar?

O papel dos familiares no cotidiano dos autistas

25/04/2025 às 17h14 Atualizada em 25/04/2025 às 17h58
Por: Voxmais
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Família e TEA: como apoiar?

Por Redação VoxMais | Especial Abril Azul

Conviver com uma pessoa com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) representa uma jornada de aprendizado, acolhimento, adaptação e amor constantes, especialmente, dentro da família. O diagnóstico de autismo pode, pelo menos inicialmente, significar insegurança e negação, até que as famílias descubram os próprios caminhos para compreender e apoiar aquela pessoa.

Cada um tem sua individualidade, e quando se trata de uma pessoa com TEA existem as maneiras próprias de se comunicar, interagir e perceber o mundo. Considerando tantos detalhes, a família exerce um papel essencial no cotidiano dos autistas, oferecendo-lhes um ambiente seguro e acolhedor.

Mas se engana quem pensa que isso basta, pois os maiores desafios estão fora do convívio familiar, quando as pessoas têm que lidar com o preconceito, a falta de compreensão dos outros e as limitações advindas com o autismo. A adaptação da rotina é outra realidade comum. Seja na escola ou no trabalho, o autista se depara com situações como ajustes de horários, atividades e o relacionamento com pessoas desconhecidas, e somente quando vêm preparados de casa e com a ajuda de especialistas, é que aprendem a respeitar os limites e valorizar as conquistas pessoais.

A Dra. Alana Pereira, psicóloga, ressalta que cada família tem seu jeito de lidar, porque cada indivíduo autista tem sintomas próprios, e mesmo que possua limitações em comum com outros autistas, a frequência e a intensidade mudam.

"Infelizmente, as famílias de pessoas autistas ainda enfrentam muitos julgamentos. Para a pessoa com autismo, o convívio com 'os outros' provoca ansiedade. Existe um termo chamado 'bateria social', que tem a ver com o quanto aquela pessoa consegue conviver com outras pessoas, quando essa bateria esgota, o autista têm que lidar, e às vezes chega até a apresentar sintomas semelhantes a uma gripe. Então, dependendo da intensidade, a pessoa sente mais ainda", ressaltou. 

Dificuldades de comunicação e interação social

Um dos maiores desafios para as famílias é lidar com as dificuldades de comunicação. Muitas crianças com TEA podem ter dificuldades para expressar seus sentimentos, necessidades ou desejos, o que pode gerar frustração tanto para a criança quanto para os pais. Por isso, é importante que a família busque outros meios para se comunicar com o autista, como o uso de linguagem de sinais ou sistemas de comunicação alternativa.

Outro fato comum, é que as famílias de crianças com TEA precisem adaptar a rotina diária para garantir um ambiente previsível e seguro para o desenvolvimento da criança. Já que não ter uma rotina estruturada pode gerar ansiedade e outros comportamentos desafiadores, sendo essencial que a família trabalhe em conjunto com profissionais para desenvolver planos de intervenção individualizados.

"Apesar de toda a divulgação, ainda há aqueles que pensam que o autismo é uma 'doença da moda'. Quando, na verdade, quem cuida de uma pessoa autista sabe que não existe nenhum privilégio, gostaríamos é que aquela pessoa não precisasse de suporte nenhum, mas que fosse aceita em todos os ambientes. Porque dói você ter um filho e ele não poder brincar com as outras crianças, por não ser compreendido ou aceito. Então, falta empatia nas pessoas, e elas têm que entender que não é uma opção isolar alguém, que se a pessoa que tem autismo for aceita, facilita muito a vida das pessoas autistas, e consequentemente, das famílias autistas, porque esse é um diagnóstico que não chega só pra uma pessoa, chega para a família inteira e muda as coisas dentro de casa e também a percepção de mundo", enfatizou.

O envolvimento com grupos de apoio e o compartilhamento de experiências com outras famílias também é válido e pode ser muito benéfico, por proporcionar um espaço para troca de informações e compreensão. Apesar dos desafios, ter um autista em casa ensina muito sobre a importância da paciência, da empatia e da aceitação das diferenças.

A família é um alicerce fundamental no processo de desenvolvimento e inclusão de uma criança com TEA. A compreensão, o apoio mútuo e o trabalho conjunto com profissionais da saúde são fatores imprescindíveis para que a pessoa com autismo tenha as melhores condições de se desenvolver e de viver uma vida plena, com dignidade e respeito.

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