O Dia Mundial do Meio Ambiente foi comemorado no dia 5 de junho, mas não custa nada lembrar que o cuidado e a atenção aos recursos naturais devem ser constantes, isso porque, o Brasil tem apresentado números nem um pouco positivos quando falamos em preservação ambiental e sustentabilidade. Dados do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil ed. 2020, produzido pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) revelam que entre 2010 e 2019, a geração de Resíduo Sólido Urbano (RSU) no Brasil saltou de 67 milhões para 79 milhões de toneladas por ano.
Em maio de 2021 outro número chamou a atenção. O índice de desmatamento da Amazônia Legal, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), bateu o recorde mensal de 1.180 km² de área desmatada. Um aumento de 41% em relação ao mesmo período do ano passado. Números que refletem cada vez a maneira negativa como o homem tem se relacionado com a natureza nos últimos anos.
Se por um lado o poder público ainda falha no gerenciamento dessas crises, a adoção de medidas simples facilmente adotáveis em nosso dia-a-dia pode contribuir para que as gerações futuras possam usufruir de nossos recursos naturais, fundamentais a nossa vida e, ao mesmo tempo, findáveis.
A voxmais.com convidou a educadora ambiental Marijara Serique para destacar exemplos de atitudes sustentáveis que podemos desenvolver em nosso cotidiano:
Primeiros passos
Para cuidar do meio ambiente não basta apenas ‘não jogar papel no chão’ mas, antes de tudo, entender o porquê do cuidado e da mudança de hábitos. Há muito se fala de Sustentabilidade, mas você sabe o que significa? De acordo com a especialista, sustentabilidade é olhar para o futuro, cuidando do hoje. Repensar exatamente a relação que temos com o planeta. “Tudo que eu fizer de melhoria para o planeta hoje, isso vai ser sentido pelas futuras gerações. Nós infelizmente estamos passando por um período de turbulência, mas, ao poucos a gente caminha para um processo de sustentabilidade, por isso é necessário haver um pensamento coletivo de mudança. Sustentabilidade é modificar as nossas atitudes hoje para o amanhã”.
Não usar sacolas plásticas
Desde 2020, o uso de sacolas plásticas está proibido por lei, no estado do Pará. A iniciativa ainda levanta algumas críticas por parte dos consumidores, porém, vale lembrar que o Brasil está entre os maiores produtores de lixo plástico do mundo, de acordo com o Fundo Mundial para a Natureza (WWF), sendo que apenas 1,2% é reciclado. Segundo Marijara Serique, o plástico trouxe praticidade, o que resultou em comodismo que impede sua total substituição, por isso a necessidade da criação de leis ou de medidas mais severas. A alternativa nesse caso, é a utilização das sacolas retornáveis.
“As sacolas plásticas são hoje, um dos grandes responsáveis pelos problemas ambientais. Essa legislação das sacolas é fundamental para que haja de fato essa mudança de atitude. Quando passamos a ter essa imposição legal de pagar pelas sacolas biodegradáveis, passamos a se policiar mais e claro, optamos pela compra das sacolas retornáveis. Movimentando isso como algo necessário, nós também contribuímos para uma mudança social”, aponta a especialista.
Deixar os canudinhos plásticos de lado
O popular canudinho plástico também é outro vilão quando o assunto é sustentabilidade. Estima-se que diariamente, 500 milhões de canudos são utilizados nos Estados Unidos. Se um resíduo de plástico leva 400 anos para se decompor, imagina a quantidade de canudinhos que se acumulam anualmente? Pensando nisso, que em algumas cidades do Brasil, o uso do canudinho de plástico também está proibido. A educadora ambiental explica que o canudinho chega a ser desnecessário em nosso cotidiano já que, assim como as sacolas plásticas, ele também foi colocado ao consumo em massa, gerando comodismo.
Marijara destaca que alternativas de canudos retornáveis não faltam; são exemplos os de vidro, inox ou bambu. “São várias opções disponíveis à população com a mesma possibilidade de higiene e que colocam esse artifício do uso do canudo como algo que é necessário, mas ao mesmo tempo sustentável. Um exemplo, ‘eu vou tomar uma água de coco no coco’, aí se faz necessário eu colocar um canudo, então já uso meu canudo retornável. A mesma coisa vale se eu sair de casa para tomar um suco, o meu canudo retornável também tem que estar presente”.
Andar com a própria garrafinha de água
Beber uma água bem gelada depois daquela caminhada ou corrida é sem dúvidas revigorante e relaxante. O problema disso está na quantidade de vezes que compramos dezenas de garrafinhas de água e depois as descartamos no lixo. A atitude de longe parece inofensiva, mas basta lembrar que o tempo de decomposição daquelas garrafinhas pet vão levar no mínimo, 100 anos. Por isso, em meio aos amantes do esporte é possível notar cada vez mais adeptos das garrafinhas próprias de água, também conhecidas como ‘squeeze’.
A especialista lembra que o destino final das garradas pets, são geralmente rios e aterros sanitários. Ela destaca que cresce a presença de empresas ou instituições que têm adotado a política do não uso de copos descartáveis, o que tem feito com que os profissionais passem a levar suas próprias garrafinhas para o trabalho. “Isso é muito mais prático, muito mais higiênico, muito mais saudável e que nos leva repensar inclusive a questão do nosso consumo diário de água. Ou seja, promove o cuidado com o meio ambiente e promove o cuidado com a saúde de cada um”, afirma.
Sustentabilidade em outras dicas
O plástico descartado inadequadamente tem sido um grande desafio para os ecossistemas aquáticos. A especialista lembra ainda que é fundamental pensar sempre no consumo consciente de todos os produtos, tendo em vista, que produtos fracionados, por vezes, acabam poluindo muito mais. “Muitas vezes a gente compra alimentos fracionados, com embalagens menores. Por exemplo, se eu vou comprar arroz e sei que uso durante o mês, cinco quilos de arroz, eu posso comprar um pacote de arroz já de cinco quilos. Assim, eu só vou ter um saco plástico de arroz e, não, cinco saquinhos plásticos de um quilo”.
“A gente tá vivendo em uma época muito consumista, principalmente tecnológica. Então, repensar. Parar diante do produto que te atiçou a compra e questionar se realmente eu estou precisando dele. É necessário? Isso sem dúvidas é uma reflexão que deve ser feita constantemente”, finalizou.
Marijara Serique
Mestra em Engenharia de Processo, é Especialista em Administração e Gestão em Saúde e Segurança no Trabalho e, em Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal do Pará -UFPA (2004). Graduada em Engenharia Agrícola, é professora universitária, atuando nas áreas de Meio Ambiente, Manejo de Unidade de Conservação e áreas Extrativistas, Recuperação de áreas Degradadas, Avaliação de Impacto Ambiental, Tecnologias Limpas, Manejo de Agroecossistemas e, de Realidade Sócio Ambiental na Amazônia