No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Ministério da Saúde, os homens vivem, em média 7,1 anos menos do que as mulheres. O Dr. Diego Miranda destaca, no entanto, que nem todas as doenças são causadas por maus hábitos e, que geralmente, estão relacionadas a idade, como o câncer de próstata. Ele conta que, embora a urologia seja uma especialidade muito abrangente, boa parte dos pacientes vão ao consultório por conta do problema. “A próstata é um órgão exclusivo do homem e o câncer de próstata é o segundo que mais acomete e mata a população masculina. Infelizmente, não se fala em prevenção do câncer de próstata assim como a prevenção do câncer de colo do útero, em que são tomadas medidas preventivas para as mulheres. No geral, quando o câncer de próstata apresenta sintomas é porque ele já se desenvolveu bastante. Por isso, é ideal que o homem crie o hábito de, a partir dos 45 anos, fazer sua consulta urológica de rotina e, caso seja detectado algum tumor em estágio inicial, as chances de cura são acima de 90%. O diagnóstico precoce faz diferença no tratamento”, explica.
Por que o homem é o sexo-frágil?
Cuidar da saúde é coisa séria, mas, para boa parte dos homens, esse cuidado pode esperar. As justificativas são variadas. O último Relatório da Pesquisa Saúde do Homem Paternidade e Cuidado do Ministério da Saúde (MS), em 2018, revelou que, na faixa etária majoritária entre 20 e 59 anos, 47,57% dos homens deixou de procurar os serviços de saúde oferecidos gratuitamente pelo Serviço Único de Saúde (SUS) por falta de interesse. Apenas 12,78% não procurou o serviço público porque optou pelos atendimentos particulares. Os números não diferem muito no quantitativo regional. No Pará, 46,94% dos homens afirmou não procurar os serviços de saúde por falta de interesse. Ainda de acordo com a pesquisa, 13,78% dos homens paraenses optaram pelos atendimentos particulares. Com essa falta de cuidado com a saúde, um questionamento vem à tona: “Será que o rótulo de sexo-frágil cabe mesmo às mulheres?”
Para o médico urologista Dr. Diego Miranda a resposta é: “Não”. Segundo ele, a procura dos homens pelos consultórios médicos ocorre geralmente depois de insistência familiar ou quando os problemas de saúde agravaram. “No geral, em dia de consulta, são acompanhados da esposa, da filha ou do filho. Isso não é um problema, já que o apoio da família é fundamental nesses casos. Por isso, vale a pena ‘levar’ o homem para fazer um check-up. Muitos problemas que seriam catastróficos se deixados de lado, podem ser evitados”. O médico lembra que muitos desses problemas estão relacionados a hábitos, como o consumo de álcool. “Derrame, infarto, determinados tumores e algumas doenças infecciosas são mais comuns em homens. O câncer de bexiga, por exemplo, está intimamente relacionado ao hábito de fumar”.
Por que os homens vivem menos do que as mulheres?
• Geralmente têm medo de descobrir doenças
• Não seguem os tratamentos recomendados
• Acham que nunca vão adoecer e por isso não se cuidam
• Não procuram os serviços de saúde
• Estão envolvidos na maioria das situações de violência
• Não se alimentam adequadamente
• Estão mais susceptíveis à infecção de IST/aids
• Estão mais expostos aos acidentes de trânsito e de trabalho
• Não praticam atividade física com regularidade
• Utilizam álcool e outras drogas com maior frequência
Fonte: Dados de Mobimortalidade Masculina no Brasil/Ministério da Saúde
Sempre de olho na saúde
A prevenção sempre será o melhor remédio. Dr. Diego Miranda lembra ainda que o cuidado urológico deve começar bem antes dos 45. “A criança que tem dificuldade de urinar e não consegue expor a glande, pode precisar do cuidado do urologista para avaliar a questão da fimose. Na adolescência, é ideal consultas com pediatra ou com urologista sobre a questão das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e os perigos de se expor a essas doenças. A partir dos 40 a 50 anos a atenção não somente ao câncer de próstata, porque o que é mais comum nessa população são os problemas relacionados ao crescimento do órgão, chamado de Hiperplasia Benigna da Próstata. Então, pelo menos metade dos homens, em algum momento da vida, após os 50 anos, terá alguma dificuldade de urinar por conta desse crescimento. Além disso, existem diversos problemas que podem ser tratados numa consulta de rotina como a questão hormonal, é caso do Declínio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM), conhecido como andropausa, por exemplo”.
Cuidados preventivos
Equilibrar a balança da saúde do homem em relação à da mulher, depende, segundo o Dr. Diego, principalmente da consciência de que cuidar da saúde está intimamente ligada a adoção de alguns hábitos:
• Fazer exercícios físicos regularmente
• Diminuir o consumo de álcool
• Não se expor a situações/ambientes perigosos
• Se alimentar de maneira adequada
• Procurar o serviço de saúde de forma regular
• Se comprometer com o tratamento médico se diagnosticada qualquer doença
O sexo frágil
Dr. Diego Miranda destaca ainda que a despreocupação dos homens com a saúde é cultural. Ao serem impostos a conduta de provedores, muitos homens passam a sustentar a ideia de que não podem sentir dor ou sofrer. “Essa postura acaba fazendo com que o homem seja na verdade o sexo frágil, porque se expõe a maus hábitos. O sexo masculino é o que mais morre de doenças cardiovasculares, de doenças infecciosas e de causas violentas. Se pararmos para avaliar dados de mortalidade e morbidade, vamos ver que os homens adoecem e morrem muito mais do que mulheres. Sem dúvida nenhuma, o sexo masculino é sim o sexo frágil”.
Com a pandemia da Covid-19, o urologista salienta, porém, que essa realidade já apresentou mudanças, já que, por conta do isolamento, mesmo com problemas de saúde, muitos precisaram esperar em casa. “As pessoas estão mais preocupadas com a saúde e em resolver aqueles problemas que não davam tanta importância. De certa forma, isso tem levado os homens para o consultório numa frequência um pouquinho maior do que o observado antes”, finaliza.
Dr. Diego Miranda
Médico Cirurgião Geral e Urologista CRM-PA 9723